Fonte: @OPSIgov
Com mais iniciativas de inovação e projetos sendo implementados, cresce a necessidade de métodos para avaliar e aprender.
A recente reunião de Laboratórios de Política e Inovação Europeia em Bruxelas ecoou a importância de medir os impactos e o valor agregado dos esforços de inovação.
Na tentativa de responder a esta procura, a OPSI e o Laboratório de Políticas da UE do Centro Comum de Investigação (CCI) decidiram trabalhar em conjunto no desenvolvimento de um modelo de avaliação para iniciativas de inovação. O objetivo é obter e comparar abordagens e metodologias que podem ser usadas para avaliar projetos de inovação e identificar elementos comuns que permitam que os resultados sejam compilados e comparados entre projetos.
O workshop - organizado conjuntamente pela OPSI e pelo Laboratório de Políticas da UE do CCI - foi o primeiro passo neste sentido. Seu objetivo foi aproveitar o conhecimento e a experiência dos participantes para iniciar o co-desenho de um modelo para medir o impacto dos projetos de inovação no setor público.
Fonte: @OPSIgov
O resultado foi a identificação dos elementos-chave e um roteiro para um processo de concepção para 2017. Este exercício também contribuiu para o próximo trabalho da OPSI no âmbito do projeto Horizonte 2020 da União Européia sobre o kit de inovação e indicadores para a inovação do setor público.
As boas-vindas aos participantes e as observações iniciais foram feitas pela;
- Ministra Maria Manuel Leitão Marques, Ministra da Presidência e da Modernização da Administração (Portugal).
- Virginie Madelin, Director Interministerial para Acompanhamento das Transformações Públicas (França)
Fonte: @OPSIgov
Após o almoço, antes de retomar as sessões da oficina, os participantes também ouviram as falas de:
- Nicolas Conso, Vice-Diretor Interministerial para o Acompanhamento das Transformações Públicas (França)
- Rolf Alter, Diretor de Governança Pública e Desenvolvimento Territorial, OCDE
Fonte: @OPSIgov
A oficina foi retomada com a realização das seguintes etapas, conduzidas pelas equipes da OCDE:
- Passo 1: Mapeamento do estado da arte
- Passo 2: Rascunho do modelo
- Passo 3: Trabalhando em casos de inovação
- Passo 4: Consolidação
Pontos de interesse iniciais
Seguem-se alguns pontos preliminares de interesse discutidos ou levantados na oficina de avaliação da inovação na terça-feira, 13 de Dezembro de 2016.
A natureza dos projetos inovadores
- Existem projetos não-inovadores, ou todos os projetos envolvem algum grau de prática inovadora e engajamento com a incerteza? Se todos os projetos contêm elementos inovadores, isso traz impacto para os modelos e práticas tradicionais de avaliação.
- Avaliar o risco não é o mesmo que a incerteza. Se as apostas são altas e os riscos são incalculáveis, etapas adicionais são necessárias antes de lançar o projeto.
- Um projeto pode realmente ser descrito como inovador se não tiver sido avaliado? e a extensão de sua capacidade de inovação ter sido formalmente avaliada? Precisamos desafiar a idéia de que a inovação é inerentemente boa, uma melhor avaliação do impacto é necessária antes de dimensionar as iniciativas.
Falha
- Projetos inovadores envolvem uma maior chance de falha - quer na idéia ou no projeto não resultar como pretendido, ou devido a questões de implementação com uma nova abordagem. Como tolerar um grau mais alto de falha no setor público e como a avaliação pode ajudar a aprender a partir de falhas em vez de punir por falhas inovadoras?
- Funcionários do setor público não devem evitar o risco de falha. Uma maneira de captar isso é a mitigação da incerteza e avaliações de risco oportunas, assim, os projetos no setor público não se tornarão "muito grandes para falhar”.
Confiança (trust)
- A confiança é um fator ausente nos modelos de avaliação atuais.
- Qual o impacto da avaliação na construção de confiança em torno de projetos inovadores? A avaliação pode ajudar dando garantias de que o projeto considerou as alternativas e premissas corretas. Mas a prática da avaliação também pode contribuir para a dúvida sobre a inovação, uma vez que as inovações raramente funcionam sem problemas ou melhor do que as iniciativas tradicionais. Como então a avaliação das iniciativas de inovação pode considerar a questão da confiança?
- Além disso, uma questão ausente no debate atual é parcela de contribuição das inovações no aumento da confiança no governo.
Habilidades
- A prática de avaliação precisa acontecer em todos os estágios do ciclo de vida da inovação para feedback e aprendizado. Isso significa que a compreensão da avaliação, das habilidades de avaliação e da familiaridade com as práticas de avaliação precisará ser muito mais difundida.
- Como as organizações do setor público podem incorporar uma prática de avaliação contínua?
Medo
- A avaliação é frequentemente associada a ser um exercício de conformidade com um risco de culpa ou falha e consequente medo de ser descoberto.
- A história da avaliação no setor público inibe o aproveitamento da aprendizagem que pode advir da avaliação?
- Como pode ser fomentado um modelo mais positivo para a avaliação enquanto mantida a responsabilidade dos envolvidos?
Portfolio
- Projetos de inovação podem muitas vezes ser parte de um portfólio de projetos que considera o risco organizacional e de reputação global.
- As avaliações de projetos inovadores devem considerar o estabelecimento de um sistema mais amplo e como os projetos individuais de inovação se inter-relacionam.
- Como a avaliação pode considerar os projetos como parte de um portfólio mais amplo? Deve haver fundos de capital de risco para a inovação no setor público (no melhor dos casos, 75% da carteira desses fundos)?
Cultura e contexto
- O contexto de projetos inovadores é importante. Pode ser muito difícil isolar as contribuições precisas que moldam um projeto inovador e seu impacto. Como as avaliações podem reconhecer a incerteza que pode estar associada à cultura e ao contexto em torno da implementação de um projeto inovador e fornecer uma compreensão útil de como elas podem afetar em um ambiente diferente?
- Além disso, o contexto influencia também os esforços de avaliação - crises, mudanças de e etc. - afetam a atribuição de impacto. Como encontrar o impacto real das inovações e da influência do contexto em que se situa o projeto?
Prazos
- Pode levar tempo para uma prática inovadora ter o impacto pretendido. Ao mesmo tempo, é necessário fazer uma avaliação contínua do seu potencial de forma a evitar desperdiçar tempo e recursos com projectos que não venham a realizar o resultado. Como a avaliação pode ajudar a determinar quais projetos devem ser interrompidos antecipadamente e para quais será necessário mais tempo para avaliação?
Vencedores e perdedores
- A inovação muda o status quo e, portanto, cria vencedores e perdedores, que podem ter opiniões divergentes sobre o valor e a eficácia de um projeto inovador. Como a avaliação pode lidar com essas opiniões divergentes?
Dependências e bloqueios
- Como a avaliação considera e reconhece que a busca de uma abordagem inovadora pode envolver dependências e bloqueios? I.e. Que a implementação de uma inovação particular pode limitar as opções para outros projetos inovadores e remodelar o contexto para o que pode e deve ser feito.
Métodos de avaliação
- É provável que muitos dos métodos de avaliação existentes continuem a ser utilizados para projetos inovadores, embora possam ser necessárias mudanças de enfoque ou de perspectiva (por exemplo, o limite em torno do qual são avaliados os benefícios e as perdas). Como os avaliadores podem saber quando uma ferramenta existente pode ser usada como tal ou quando ela pode precisar ser modificada para lidar com as incertezas envolvidas na inovação?
A inovação é política
- A inovação envolve mudanças e escolhas, e é inerentemente um ato político.
- Como tal, a avaliação pode sofrer de captura política e sensacionalismo na mídia. Como discutir opções políticas através da avaliação tanto no setor público como no público?
Quem usa e como usam a avaliação?
- Em alguns casos, a avaliação no setor público é realizada por causa da própria burocracia/processo. No entanto, as avaliações precisam informar seu público de uma forma significativa, e para tal, têm que levar em conta quem a utiliza e como a utiliza, como a informação pode ser consumida da forma mais conveniente e oportuna.
Este post faz parte de uma série resultante da reunião dos pontos de contato nacionais do Observatório de Inovação no Setor Público da OCDE. Veja também as outras postagens:
- Parte 1 - Resumo da reunião de Paris no NCP OPSI - 13 e 14/12/2016
- Parte 3 - Ainda a ser escrita :)
Informações adicionais:
- Folheto do guia para a avaliação de projetos de inovação, elaborado pelo Centro Dinamarquês para a Inovação do Setor Público (PDF, 1MB) http://beta.oecd-opsi.org/wp-content/uploads/2016/12/ncp_dec2016_EvaluatingPublicSectorInnovationInDenmark.pdf
- A fonte geral desta postagem é o blog do OPSI, ainda em versão beta: http://beta.oecd-opsi.org/events/december-2016-ncp/ (fechado, fazer contato para obter acesso)
Fonte: @OPSIgov