Por algum motivo, essa tal de "cocriação" me dá um certo calafrio. Não pelo que representa, mas pela forma como soa: dá um arrepio na espinha esse negócio de "cocri" - será que é só comigo?!
A palavra cocriação é um anglicismo, vindo da palavra co-creation, cujo significado é "ferramenta de gestão ou estratégia econômica que busca unir diversos atores, como uma empresa e um grupo de clientes, para produzir conjuntamente um resultado mutuamente benéfico."
Os autores indianos da Universidade de Harvard C. K. Prahalad e Venkat Ramaswamy popularizaram o conceito de cocriação em seu artigo "Co-Opting Customer Competence (Cooptando a competência do cliente)" publicado em 2000, na Harvard Business Review.
O termo cocriação começou a ser utilizado de forma mais intensa a partir de 2004, desde o lançamento do best-seller 'The Future of Competition: Co-Creating Unique Value With Customers" (traduzido para o português como o "O Futuro da Competição", ) também escrito por Prahalad e Ramaswamy, que disseminou o conceito mundialmente. Eles ainda são considerados a principal referência mundial no tema.
Apesar do seu uso consagrado em português, a palavra cocriação pode ser considerada um cacófono, uma dissonância resultante da combinação não harmoniosa dos elementos acústicos da palavra.
Nesse sentido, uma possível inovação linguística seria utilizar o termo sincriação, mais melódico, que faz uso do prefixo de origem grega sin, que pode significar união, como na palavra sincretismo, ou simultaneidade, como em sincronia.
A língua portuguesa, apesar da sua riqueza, não costuma ter defensores árduos da sua pureza, como a língua francesa, por exemplo. Todavia, o português brasileiro, comparativamente ao lusitano é conhecido pela sua maior suavidade, soando de forma mais agradável aos ouvidos dos que não o entendem.
Por que não contribuir para manter essa tradição, fazendo bom uso de um hibridismo, criando de forma inovadora (ou nem tanto) uma palavra melódica com o prefixo grego sin e o latim creatio?
Vamos sincriar?
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